quarta-feira, novembro 29, 2006

MIL CORES

Pensamos que o inverno não nos pode trazer o calor destas cores...
Certo é que o frio nos invade o corpo, mas os olhos da alma aquecem quando confrontados com paletas como esta.
E o trânsito passa por nós...todos regressam a casa, e ninguém rouba um pedacinho de céu para aperitivo. Certamente lhes saberia melhor que um bom Porto, é a cidade robot que temos aqui!

MENSAGEIRO DA MARGINAL

Não, não estamos bebâdos, nem a alucinar. Há mesmo um anjo numa curva da marginal.
E o anjo está ali, prestes a receber as mensagens com os desejos de tantas pessoas que lhe depositam aos pés velas que o iluminam de noite e de dia.
Chamaram-lhe mensageiro, e já que a sua posição é de destaque...porque não deixarmos um papelinho com uma mensagem?
Que todos os nossos desejos se realizem!

ONDAS OU NUVENS


A Terra é assim, um ponto de passagem, dos oceanos aos céus.
Há dias em que confundimos ondas com nuvens e nuvens com ondas.
Porque as ondas nos fazem sombra e as nuvens nos arrastam para dias menos coloridos.

domingo, novembro 26, 2006

PASSAGENS

Passam, correm, olham, sabem para onde vão... sabem o que os espera.
Não têm espaço para ler o que está escrito na parede, para perguntar o porquê de numa rua escura estar alguem a fotografar uma parede, ou até soltar um simples sorriso para a foto...é mais uma corrida, mais uma banal 'viagem' de rotina nesta cidade de que nos servimos apenas para algo que ainda não descobri bem o quê.

ENCHER

Somos como um rio, transbordamos, corremos cheios de pressa, e movimentamo-nos num turbilhão de pensamentos e ideias. Tudo ao nosso redor parece fixo e imóvel, só quem mexe com o nosso rio vibra, desloca-se, afecta-se.
Vamos a correr até ao mar, e encontremo-nos para um café na foz.

quinta-feira, novembro 23, 2006

CIRCULOS PERFEITOS

Dou por mim a tentar entender o que correu mal.... desfaço-me em lágrimas por cada foto que vejo, cada nota de música que se solta no ar que respiro e tudo aparenta tranformar-se em sofrimento.... Não me entendo .... e nestes momentos tudo o que nos rodeia reduz-se à ausência de significado do fútil, por mais que tente entender, colocando em jogo todas as hipóteses, conclusões e atitudes não me consigo entender e nem mesmo sei por que estou a escrever isto.... Penso na minha vida e em todo o significado que ela tem e a conclusão trás um rasto de desolação, consigo estar rodeado de pessoas que me sufocam e consigo ter tudo o que queria excepto a unica coisa que de facto foi mais valiosa que tudo isto
Alguém já cantou em nota de bossa nova, com um suster de lágrimas "se algumas vidas formam um círculo perfeito, outras assumem formas que nem sempre podemos prever ou entender."? Terá sido algum rocker que se tornou pianista emocionado e fervoroso, capaz de traduzir em notas de música simplesmente letras infinitas e conjugações eternas?

quarta-feira, novembro 22, 2006

ENSURDECER

De arcos estreitos e perfeitos, de pedras sobrepostas assim se faz a nossa história. Fica guardada na memória dos milénios, admirada por uns, maltratada por outros, e retratada por alguns no escuro, onde uma lâmpada paciente iluminava os mesmos cantos de sempre.
De que vale ensurdecermos pois para a memória o nosso coração fica mudo de sentimentos, pode por vezes ficar de palavras.
Castelo de Vide - Portalegre

segunda-feira, novembro 20, 2006

NÃO ME APONTES NADA

Não tenho nada para te dar, não tens nada que me apontar.
Tu partiste, ficou embutido no vazio. Não te tomes de armas, não estamos em guerra. Não me tomes de assalto porque o que tenho a ti pertence.
Não fiques aí, não fiques como o perigo que aguarda em cada esquina.
Não me encontres assim como algo metido numa parede.
Viver na cidade tem mesmo de ser assim?

ELEVA-ME

Faz-me subir alto, ver colinas e luzes suspensas pela paisagem, respirar fundo, leva-me alto. Eleva-me ao vôo dos pássaros e á altura de Deus. Eleva-me... eleva-me do fundo de onde as luzes parecem pequenos pontos verdes de esperança suspensa no ar. Eleva-me, delicia-me com o outro ar que se respira no cimo, e sacia-me com a paisagem que tens para me mostrar e que eu tenho para partilhar.
Pega-me nos braços, faz-me esvoaçar nesse teu elevar. Faz as minhas pernas tremer de entusiasmo e o coração bater de emoção. Eleva-me!


Lisboa - Baixa - Bienal Luzboa - Elevador de Santa Justa.

PICAR O CEU

E que o Leão conduza os nossos murmurios até ao céu que ele pica, lá do cimo do monumento na rotunda da Boavista...
Assim o desejamos...

quinta-feira, novembro 16, 2006

AS NOSSAS IMAGENS

As nossas fotos ficam assim, imoveis no tempo, amontoadas na montra da nossa memória. Encaixilhadas com o contexto de sempre, e com o preço elevado de por vezes as termos gravadas e expostas no coração.
Todas olhadas através de um vidro, não as podemos tocar, nao podemos falar com elas... apenas olhar, admirar e ter saudades dos dias em que o tempo parou e se tirou a foto.

DEGRAUS

Queremos subir,descer, ficar ali parados aos pulos num.
Encontramo-los nas mais diversas formas e cores.
Mas são degraus que nos surgem na vida... e novamente nos questionamos, subimos ou descemos?
Subimos com a força do nosso conhecimento ou neles descemos para buscar o nosso verdadeiro intelecto?

quarta-feira, novembro 15, 2006

E EU..ESTOU AQUI

E aqui continuo com os meus posts... a despejar quase no éter os pensamentos que não se podem partilhar com alguém que queremos.
Estou no meio da sociedade, estou em todo o lado, estamos no mundo, e desejamos encontrar-mo-nos, reencontrar-mo-nos. Será que isso vai acontecer?
A tinta que escorreu das nossas conversas e ficamos enleados no meio de tudo isto, as palavras que parecem não ter sentido e que no fundo são feitas é de sentimentos.
E que nesse dia o nosso reencontro seja como o nosso primeiro encontro.
Entretanto.... EU ESTOU AQUI.

TAKE THE LONG WAY

Certas travessias parecem longas, mesmo que estejamos de pés assentes nos carris... a outra margem parece não chegar e a água transborda-nos os nervos. Tudo poderia ser tão fácil, tudo poderia ser tão programado, mas temos de contar com a incerteza que nos deixa a pairar sobre o horizonte, e a desejarmos termos voos livres como o dos pássaros.

terça-feira, novembro 14, 2006

ESPAÇOS

Todos os espaços são coloridos, têm lugar para uma foto, um texto ou algo que a nossa imaginação consiga colocar.
Pequenos, médios ou grandes, tudo cabe neles, desde que os horizontes da nossa imaginação sejam largos.

Serralves - Nov06

sábado, novembro 11, 2006

GHOST BUT NOT BUSTER

Encontrei um andante de sapatos vermelhos num autocarro.
Invisivel, meio fantasma, incógnito e despreocupado, tal como todos os outros passageiros, de tal rotineira que a viagem provavelmente já se tornou.
São fantasmas que não atormentam ninguém e que ninguém caça... porque os nossos são bem mais dificeis de caçar e nos inquietam muito mais.

CORTE RADICAL

Barba ou cabelo?
Aprovado com distinção!
Há lojas assim na baixa, a transpirar a quietude do tempo que passou pelas paredes, sofás e productos que utilizam. Desde o restaurador olex, ao sabão para a barba de bisnaga.
Espaços em que o artesão puxa das credenciais e se exibe com maestria na arte do corte de cabelo, tal como se um chef de cozinha de tratasse.
E regressar a estes espaços, poder ainda ter o bónus de comprar um bilhete de lotaria (não, não se registam Euromilhões), engraxar os sapatos ou saber as últimas dos vizinhos da rua é a verdadeira descoberta da máquina do tempo. Poder ainda ouvir algumas notas soltas de um rádio cujas emissões perdidas no éter julgamos já nem existir dada a proliferação de Cds, Mp3, Ipods e quejandos.

Barbearia Garrett - Rua Ramalho Ortigão

sexta-feira, novembro 10, 2006

LE CHIEN d'ALMADA

Há ruas tradicionais que hoje se transformam. A rua do Almada, uma das mais activas em termos de comércio especializado está hoje a perder o característico tom duplo do dourado ou prateado dos metais e a ganhar casas com outras cores.
Mas o cão assiste a tudo, com o seu cachimbo, como se de um índio se tratasse, fumando o seu cachimbo da paz, elemento conciliador e vaporizador de tantas culturas que por ali se cruzam.
Os estudantes de arquitectura que se orientam para dar um novo respirar a esta artéria em modo de coma consciente, uma das primeiras ruas concebidas de um arrojo quase urbanista na cidade do Porto; as pessoas que buscam nas lojas novas a novidade do retro ou a novidade total e os comerciantes ilustradores da Rua do Almada, conhecedores de todo o tipo de parafusos, ferramentas, perfis, tamanhos ou materiais metálicos.
Mas o cão que fuma continua ali..sempre na moda, sempre cosmopolita e alternativo no menu que apresenta apesar deste não ser renovado há já uns tempos. E num espaço simpático, onde podemos ser contemplados com doses fartas de fotografias tiradas nas faldas do Marão ou nos labirintos de Paris por Pinheiro da Rocha, viajante e fotógrafo autodidacta. Um marco no tempo desta rua que se mantém indiferente a modas ou correntes, aliás é possível cuscar várias discussões quase que tertúlias que por ali passam enquanto se dá ao garfo o prazer de desmanchar tão cuidada apresentação dos pratos.
Mas o Chien tem outro carisma, e deve ser o de tantas outras crianças que por aquela rua passavam e ficavam a magicar… se este cão fuma, porque o do vizinho não?
Hoje a forma de magicar é a mesma, mas abrange alcateias de pessoas robot que se vão passando pela cidade sem notar que há paredes que contam histórias ou certos rebanhos que se debruçam sobre o simples crescer das ervas nos telhados.
Rua do Almada - Porto - Chien qui Fume / Cão que fuma

quarta-feira, novembro 08, 2006

POR AQUELE ARCO


Na solidez dos pilares ouve-se o flutuar das luzes. Ao longe, dispersas por curvas de rio, todas aquelas linhas luminosas que nos fazem pensar na electricidade que calcamos e geramos quando podemos comentar e deliciar alguém com sobremesas feitas de cenários assim.
reparar na luz mais pequena, naquela que brilha mais, naquela que se paga, na que pisca... são pequenos pormenores para um degusto de uma paisagem. Quem não se lembra de ser pequeno e estar na paragem de autocarro a jogar ás matrículas?
Joguemos jogos assim com luzes, cores, enquanto sentados em muros atravessados por trânsito robótico e sequenciado, caracteristico dos dias de hoje.

segunda-feira, novembro 06, 2006

ESSE TIMBRE PARDACENTO...


O nosso Porto está assim ... doente. Como cantou o Rui Veloso no passado fim de semana no Coliseu.

«Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vezem cada regresso a casa
rever-te nessa altivezde milhafre ferido na asa"

Cidade altiva, invicta magoada e ferida do abandono em que a deixamos. Dos brilhos dos monumentos cuidados que nos preenchem a vista, e da amnésia em que deixamos caír a essência de ser portuense. Essa bela rotina de tomar um cimbalino, correr de requitó para o autocarro. Comer um prego, beber um fino... Regressemos á cidade, ela está ali para nos abraçar. Olhemos para ela. Vistamos a pele de Hugh Grant em Notting Hill com alguma Julia Roberts desejosa de ser estrangeira na sua propria cidade.... Vale a pena o desafio! Eu tentei... e adorei!

NOTICIAS

Já não há jornais instituídos no Porto. O velho Comercio do Porto é agora apenas um arquivo de memórias, e o Primeiro de Janeiro já não respira com a força do granito portuense.
De ambos há a recordação dos grandes edificios, fábricas de noticias, empregadoras de economistas, jornalistas, tipógrafos... verdadeiras cidades, a que se assistia ao buscar as fotos nas intermináveis estantes metálicas, ás folhas amareladas em que se redigiam no piano da máquina de escrever histórias dignas de policiais ex. Caso D.Branca), sem as modernices de escutas telefónicas ou computadores apreendidos. As salas dos fotógrafos, em que tudo passava por ali e se aguardava por haver ou nao foto daquele acontecimento.
Depois veio o telex, um dos maiores investimentos feitos em Portugal e cujas salas foram deixadas no vazio com meia duzia de fax.
Como eram fábricas de sons esses edificios, o apitar dos telexes, os mundos sem fins de fita, os reitais de máquinas de escrever... o tocar dos telefones, as cigarradas devoradas, e os jantares que tornavam contornos de tertúlia já num porto fora de horas.
Hoje... está tudo á distância de um clique, fotos, textos, informação... nao a procuramos, ela chega por vezes a procurar-nos.
E as instituições fecharam, os jornais estão prontos á hora de jantar... já não há jornalistas nos bares e nos restaurantes abertos ate fora de horas....
Mas mesmo assim... ainda há quem olhe para as noticias que se mostram pela rua, noticias mudas, em capas cheias de cor e caras em vez das habituais parangonas cantadas pelos ardinas que povoavam a cidade de sacos amarelos ao ombro. Como era bom o Porto dos anos 80.... o tão bom que pode vir a ser o Porto do ano 2000 se todos não nos alhearmos desta memória colectiva.

domingo, novembro 05, 2006

POEMAS NO AR

Por entre ruas e calçadas, janelas espelhadas de varandas cheira a poemas no ar. Poemas iluminados por olhares e sorrisos que dão cor aos cenários. São poemas que eternizam momentos e locais, poemas que aliviam dores, imagens que aconchegam as nossas vidas. Quantos de nós não desejamos ver poemas assim... a pairar no nada, como se fossem mensagens para nós. O mundo é assim, feito de pequenos sinais, e que muitas vezes parecemos não lhes dar atenção. Ilustrem as fotos com poemas e com pessoas... e os novos dias serão certamente os melhores.

sexta-feira, novembro 03, 2006

SUDOKU ANALOGICO


Ainda há cafés resistentes do porto de outros tempos. O café Ceuta (rua de Ceuta) proporciona uma viagem no tempo a quem desce as escadas para os bilhares. São pessoas que o tempo se movimenta através delas em jogadas de dominó ou bilhar. Palavras que se acendem naquela jogada mais ousada, frenetismos de quem já leu e releu o jornal, também já não há jornais da cidade como dantes havia... Mas hoje há o sudoku e a PSP, e muitos são os que ainda resistem a uma saudável bilharada ou suecada. Preservem estes espaços, elas são o pouco que resta de vida da nossa cidade.

A VARIAR

Publicidade, para todos, para nos encher os olhos, de coisas que já não se compram no quotidiano.
O pão de ló de adoçar a boca, o deleite dos olhos das crianças do bazaar dos três vinténs (hoje Outlet da Zara), a dureza do aço e a elasticidade das borrachas. As bicicletas que já não têm pedal para nós, a garagem que já todos temos em casa.
São pequenos olhares por um comércio que tende a desaparecer, e que mesmo assim, continuam vanguardistas na forma de anunciar. Olhem o Porto com estes olhos, nos simples batentes das portas, nos azulejos, nas caixas do correio, dos contornos dos vidros das janelas. E adocem a boca, não se sintam sem paladar a saborear este Porto que vai rareando infelizmente.

quinta-feira, novembro 02, 2006

OLHAR O TEMPO

Não é facil olhar o tempo passar. Ver como tudo continua movimentado e frenético á nossa frente, e nós seguimos a cadência dos dias como um semáforo.... uns dias no vermelho, outros no verde, e aqueles dias que parecem não ter fim e nos deixam a lutar entre o bem e o mal - do amarelo do semáforo.
As luzes acendem, apagam, os carros aceleram travam viram, mas nós continuamos como se numa montra: estáticos e a ver o tempo passar.

RAIOS DE LUZ

Cada raio de luz indica um caminho, um destino. São pontos unidos, que nos fazem pensar em ligações, coincidências ou estrelas que cruzam o nosso caminho. São visões simples que podemos ter durante os minutos que desesperamos no trânsito... nao há nada como a luz que nos ilumina.

CORRENTE


Arrastamos os pés com a cadência do ar que nos passa pelo corpo. Suportamos vigas de ferro e entrelaçamos pensamentos, pairamos sobre a água, e com a força de quem consegue mover correntes. São os ingredientes do nosso mundo.