segunda-feira, novembro 06, 2006

NOTICIAS

Já não há jornais instituídos no Porto. O velho Comercio do Porto é agora apenas um arquivo de memórias, e o Primeiro de Janeiro já não respira com a força do granito portuense.
De ambos há a recordação dos grandes edificios, fábricas de noticias, empregadoras de economistas, jornalistas, tipógrafos... verdadeiras cidades, a que se assistia ao buscar as fotos nas intermináveis estantes metálicas, ás folhas amareladas em que se redigiam no piano da máquina de escrever histórias dignas de policiais ex. Caso D.Branca), sem as modernices de escutas telefónicas ou computadores apreendidos. As salas dos fotógrafos, em que tudo passava por ali e se aguardava por haver ou nao foto daquele acontecimento.
Depois veio o telex, um dos maiores investimentos feitos em Portugal e cujas salas foram deixadas no vazio com meia duzia de fax.
Como eram fábricas de sons esses edificios, o apitar dos telexes, os mundos sem fins de fita, os reitais de máquinas de escrever... o tocar dos telefones, as cigarradas devoradas, e os jantares que tornavam contornos de tertúlia já num porto fora de horas.
Hoje... está tudo á distância de um clique, fotos, textos, informação... nao a procuramos, ela chega por vezes a procurar-nos.
E as instituições fecharam, os jornais estão prontos á hora de jantar... já não há jornalistas nos bares e nos restaurantes abertos ate fora de horas....
Mas mesmo assim... ainda há quem olhe para as noticias que se mostram pela rua, noticias mudas, em capas cheias de cor e caras em vez das habituais parangonas cantadas pelos ardinas que povoavam a cidade de sacos amarelos ao ombro. Como era bom o Porto dos anos 80.... o tão bom que pode vir a ser o Porto do ano 2000 se todos não nos alhearmos desta memória colectiva.

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